Os desafios de uma líder executiva global, em prol do desenvolvimento sustentável.

Marcia Werle

“Não se resolve um problema com a mesma mente que o criou” (Albert Eistein). Essa frase intrigante já me acompanha a algum tempo e me faz analisar o contexto da sustentabilidade de uma forma mais ampla. Não podemos seguir os mesmos caminhos quando esses não trazem resultados efetivos.

Inicio trazendo a definição do que é Desenvolvimento Sustentável: “É o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades atuais e das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota ou compromete os recursos para o futuro”.  E para quem não se interessa sobre o futuro, vamos a uma reflexão: as nossas ações de HOJE já estão co-criando o futuro. O futuro em si não existe, mas depende da nossa ação coletiva. 

Sigo para a definição do que consiste em “ser um líder global”, que está diretamente ligada aos indivíduos altamente qualificados relacionados a esse profissional e, que possuem a capacidade de transcender barreiras nacionais e empresariais para integrar diversas perspectivas e pessoas, de se adaptar a quaisquer ambientes*. É um equívoco afirmar que “o líder deve se ADAPTAR”. Entendo que ele deva na realidade e, com suas atribuições, analisar e prover mudanças em quaisquer ambientes.  

Muito embora essa definição abra preceitos claros e compreensíveis de atuação, o pilar das ações do líder global deve ser especificamente delimitado e claramente definido para não ser esse apenas mais uma voz, que discute e emite reflexões de como fazer, tendo, no entanto, uma entrega de resultados insignificantes.

Nesse mesmo contexto, percebo que a discussão sobre a sustentabilidade segue o mesmo viés: ações são realizadas, desconectadas da realidade e descontinuadas e geralmente a assertividade e os impactos que tendem a entregar resultados a apenas um dos tripés que a definem, sendo somente social, ou unicamente ambiental, ou até mesmo, exclusivamente econômico.

Com essas informações é possível ilustrar a importância de ações de prover soluções. Um líder global que percebe uma problemática, na qual um município localizado sobre a segunda maior reserva de água doce do mundo, o Aquífero Guarani, recebe resíduos no seu aterro sanitário de mais de 300 municípios que apresentam um plano de tratamento e de gestão de resíduos ineficazes, optando pelo caminho do mais fácil.

Outro aspecto é a obscuridade que está presente na cadeia da gestão de resíduos e de atuação dos municípios quanto a sua gestão.  Posso citar o exemplo de Santa Rosa, um município do Noroeste Gaúcho com aproximadamente 75 mil habitantes que encaminha para o aterro sanitário um volume de 51,5 toneladas média por dia.  Sendo desses, 1,97 toneladas obtidos por meio da coleta seletiva, no qual apenas 2,44% são destinados de forma correta.  Se observarmos a composição do resíduo doméstico, 55% é resíduo orgânico e os outros 45% são resíduos recicláveis, ou seja, em média 20,93 toneladas de resíduos são enterradas diariamente, sendo que temos várias organizações locais que fazem a triagem e reciclagem desse tipo de material, retornando a cadeia produtiva, gerando emprego, renda e assegurando o destino correto.  É chover no molhado se eu disser que estamos diante de uma incoerência muito séria!? Acredito que não; ou seja, estamos “pagando” para enterrar “dinheiro”.  Mas às vezes, o óbvio precisa ser dito e reforçado para que algumas mudanças necessárias aconteçam.

Precisamos de rumos diferentes, um destes rumos é que sem sustentabilidade não haverá futuro; sem olhar de ecossistema, não haverá subsistência.  Uma maneira de olhar o futuro são os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). Os ODS providenciam uma visão de futuro que é compartilhada com 193 nações da ONU.

Muitos desacreditam que as ações como o Programa #Issonãoélixo Fronteira Noroeste, idealizado e implantado pelo Instituto BioPlanet, seja uma solução. No entanto, vale afirmar que, se um programa que se iniciou em 10 de agosto de 2021 e, até novembro do mesmo ano, implementou quatro estações de recebimento de resíduos consegue a representatividade de 0,13% do total resíduos coletados pelo município de Santa Rosa, significa que é possível.

Se trata do “efeito da borboleta” que ao bater das asas provoca uma tempestade em outro continente.  Essa é claramente essência de ser um líder global em prol da sustentabilidade: mostrar que, uma ação, por menor que seja, tende a provocar atitudes que entregam resultados eficazes para todos os eixos da sustentabilidade: social, ambiental e econômico.

Ao citar o “efeito borboleta”, refiro-me ao impacto que pequenas ações podem sim fazer a diferença e que o fato de ser mulher, mãe, não limita a ação como líder mundial e sim fortalece a atuação pela empatia e compreensão da essência da sustentabilidade: a essência de proteger a vida.

E acima de tudo, transmitir que o mundo da sustentabilidade é o mundo de todos. Somos todos responsáveis e pertencentes a ele. Desta forma, fica o convite para as diversas “tribos”: Venham fazer parte desta Aldeia Bioplanetária. 

Por fim, eu asseguro a todos de que “a Sustentabilidade é FUTURO e não existirá FUTURO se não houver com ele a SUSTENTABILIDADE.”

Não espere pelo Planeta, faça por você! Venha conosco e apoie essa causa.

* Fernandes, O. G. (2013). O desenvolvimento de líderes globais em unidades internacionais da indústria gaúcha: uma abordagem inspirada nos estudos de competências e Global Mindset. Unisinos: São Leopoldo.

Fonte: Revista Urbana

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